quinta-feira, 15 de abril de 2010

Liberdade


Foto: Ricardo Costa
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Liberdade, uma palavra tão abrangente
Tantas vezes utilizada para descrever direitos
Nomeadamente políticos, outros só mero acaso
A liberdade dos cidadãos é fictícia, fica pela mente
Porque os políticos têm seus próprios conceitos
Servem-se dela, mas cultivam-na em simples vaso

A liberdade política não passa de metáfora
É com ela que somos perdidamente enganados
Tecem-lhe loas infinitas quando tal convém
Mas estrangulam-na sofregamente vida fora
Perante uma população de infelizes condenados
Nesta vida e quem sabe, também no Além

Liberdade para mim é algo de belo, mas também pessoal
Ela termina no colectivo quando começa a dos demais
É o limite que considero minimamente aceitável
A todos os outros exijo um tratamento idêntico e natural
Porque sendo diferentes, não deixamos de ser iguais
E sem este princípio a liberdade não é prestável

Mas tenho uma liberdade de que sou senhor absoluto
Foi um dom que Deus me concedeu gratuitamente
A liberdade de consciência, ah como eu a prezo
É por ela e com ela que eu faço o caminho da vida e luto
Mesmo quando outros consideram ingenuamente
Que estes valores apenas merecem desprezo

Insensatos aqueles que assim pensam
Se não me sentisse mais livre que uma ave
Como poderia descrever um valor de liberdade
Dizer o que sinto e que outros condensam
Sem saberem o porquê de tamanho entrave
Quando o segredo está somente na verdade

Feliz de quem vive com liberdade de consciência
É sinónimo de poder individual e universal
Não há bala que extermine força tão intrínseca
Podem-nos tirar a vida ou levar para à demência
Mas jamais impedirão que a alma seja o sal
De uma vida com sentido, mesmo que não física