Ser poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca, «Charneca em Flor», em «Poesia Completa»
Nota: Embora habitualmente utilize este espaço apenas para a emissão de poesias de minha autoria, abri uma excepção para colaborar na homenagem à grande poetisa portuguesa Florbela Espanca, na blogagem colectiva promovida pela Flor, interlúdioenflor. Este é um dos poemas de Florbela Espanca que mais admiro e que dedico a todos que gostam de poesia.
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca, «Charneca em Flor», em «Poesia Completa»
Nota: Embora habitualmente utilize este espaço apenas para a emissão de poesias de minha autoria, abri uma excepção para colaborar na homenagem à grande poetisa portuguesa Florbela Espanca, na blogagem colectiva promovida pela Flor, interlúdioenflor. Este é um dos poemas de Florbela Espanca que mais admiro e que dedico a todos que gostam de poesia.