sexta-feira, 26 de junho de 2009

Irmão vento


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Eu te saúdo irmão vento
Outrora povos te adoraram
Por te considerarem Deus
Não é esse o meu intento
Sei que não te amaram
Mesmo sendo filhos teus
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É verdade que não te vejo
Mas sei que existes e que actuas
És um elemento invisível
Reconheço teus atributos sem pejo
Estás em todas as luas
Só isso te torna visível
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Brincas com a areia no deserto
Jogas ao esconde com as nuvens
Empurras o velho no caminho
Pregas partidas a quem está perto
Não sabem o poder que tens
Ao fazer um redemoinho
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No mar com marés calmas
Proteges os navegantes incautos
Choras como uma criança
Mas se acordas de mau humor, clamas
Ruges em altos gritos
Como quem reclama vingança
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És uma força da natureza
Por isso eu te venero
Teu poder é imenso
Apesar de não seres da realeza
Tens fama de ser austero
E um fulgor de vida intenso
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Como eu gosto de sentir o teu sopro
Aquele sussurrar em noites quentes
Inebrias-me com ondas de prazer
Penetras-me como um escopro
Não sei se me mentes
Mas que bom seria assim permanecer

domingo, 14 de junho de 2009

Sentir em casa


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Minha casa é o Universo
Meu sentir o pulsar das estrelas
Saindo de casa nela permaneço
Mesmo que debaixo de água submerso
Penso só nas coisas belas
Nunca no fim, mas no começo

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Em casa sonho, mas saio ao acordar
Pela rua vagueio a pensar
Na procura de um canto na terra
Onde possa voltar a sonhar
Encontrar alguém a quem lembrar
Que procuro a paz em vez da guerra

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O sentir é uma forma de estar
E em qualquer lugar é benfazejo
Mesmo sem uma casa para cobrir
Um homem procura sempre encontrar
Algo que satisfaça o desejo
Para descansar, comer e dormir

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O lugar é mesmo indiferente
Sentir bem é um objectivo
Numa ilha deserta desconhecida
É algo deveras mirabolante
Mas sendo quase taxativo
Não é coisa que fique esquecida

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O ar que respiro faz-me sentir em casa
Porque quero viver com prazer
Mas ainda gostava de viajar
Num foguete espacial da NASA
Ter arrojo suficiente e não estremecer
Visitar novo planeta e voltar

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Sentir-me em casa estando fora
Não é realidade, é pura ficção
Apesar de tudo eu vou imaginar
Que nunca fui embora
Mas que ainda tenho intenção
De encontrar esse lugar



Postagem em colaboração com a Tertúlia Virtual. O desafio é abrangente: Qual o lugar que me pode fazer estar em casa? A minha resposta está aqui, é mesmo uma questão de imaginação.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sonho de criança


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Nasci fruto de amor
De um amor feito de sonho
Vontade de dois seres
Que uniram suas vidas sem temor
De um Mundo frio e medonho
Sou filha de dois amores


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Muitos não queriam que eu visse
A luz de um Mundo Novo
Meus pais quebraram amarras
Ouviram o que Deus lhes disse
Juraram amor de novo
Cantaram e dançaram ao som de guitarras


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Foi assim que fui recebida
Ainda meus olhos não conseguiam ver
Mas já ouvia risos e palavras de amor
Em festa fui concebida
Com alegria foi saudado o meu nascer
E acolhida pelo Senhor


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Sou feliz, mesmo carente de afecto
Daqueles que me olvidam e maltratam
Sofro por não ter direitos reconhecidos
Sou um ser frágil que precisa de um tecto
Com falta de alimento me matam
E atropelam todos os meus sentidos


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Vivo um dia de cada vez
O que hoje tive, amanhã poderá faltar
Sinto tristeza por ser excluída
Peço aos adultos sensatez
Que me deixem correr e saltar
No seu seio ser admitida


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Quero aprender a ler e escrever
Desejo ser alguém na vida
Por favor me ajudem a conseguir
Se há Deus, não vai esquecer
Esta sede, amargamente sentida
De não saber o que será o meu porvir


Quando uma criança não tem voz na sociedade, nós temos de o fazer por ela. Dou a minha voz àquelas que diáriamente sofrem a falta de amor, alimento, casa e educação.