segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Azul infinito





No azul infinito da esperança
Vagueiam anseios desmedidos
Na luta diária da sobrevivência
Gastamos os nossos sentidos
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Nuvens escuras escondem tristeza
De azul colorimos os desejos
Trilhamos caminhos de incertezas
Sonhamos amores benfazejos
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Vida insípida do dia dia
É a pedra do caminho
Numa etapa mais tardia
Colheremos o nosso destino
**
Um corpo sem alma teremos
Um dia sem vida vai nascer
Nas asas de anjos voaremos
No poente ao entardecer
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Corpo não levaremos
O espírito substitui o ser
Que fardo carregaremos?
Será melhor não o saber
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Para além do infinito
Está a estação de permanência
Será um lugar bonito?
Ou princípio da nossa demência?
**
Terra é mera passagem
Nascemos do nada feito ser
A vida é miragem
Só nós não queremos ver

sábado, 12 de janeiro de 2008

Outono da Vida










No Outono de muitas cores
Predomina o amarelo sem vida
Tal como as folhas incolores
Após forte ventania sentida

Mas a porta está aberta
Em frente à estrada da vida
Segue-a como coisa certa
Terá que ser percorrida


No seu termo encontrarás o Inverno
Não pares para lamuriar
Tira o teu coração do inferno
Corre, ainda tens uma vida para dar

Procura pela primavera
Olvida o Outono da vida
O prazer é uma quimera
A dor não é indefinida

Enquanto criança choras-te
Quando jovem vives-te em euforia
Em adulto te tornaste
Sem saberes que a vida morria

A vida é uma passagem
A Terra estação em permanência
Cá lutas por uma miragem
Como quem sofre de demência

Vai pelos campos fora
Colhe as flores belas da natureza
Ouve com atenção a ave canora
Ela louva uma realeza

Será o Deus do céu e da terra
O objecto do seu louvor
Sobe ao alto da serra
Entrega-te sem medo e com amor

Não pediste para nascer
Mas o amor te deu vida
A próxima etapa será morrer
Aceita-o de forma soerguida

Vida é um dom de Deus
Tem princípio e também meio
Será o fim dos olhos teus
Mas o nascer do teu anseio

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Bela Aurora









Bela aurora que antecedes o amanhecer
Trazes contigo sons estridentes de criança
São gritos de alguém a nascer
São fruto de uma aliança

Aurora é nome astral
Planeta que vai marcar o teu futuro
És corpo de anjo material
És filha de homem maduro

Suave foi a noite que te acolheu
Radioso é o dia que te recebe
Teu pai quisera ser eu
Tua mãe feliz te concebe

Vida gerou mais vida
Eis um novo ser da humanidade
Pássaros cantem de forma sentida
Que vossas árias a embalem de felicidade

Flores irradiem vossas belas cores
Sol aquece suavemente a menina
Vento sopra abundantes odores
Inebria com perfume cada esquina

Agora que despertas para a vida
Eu aguardo a chegada da mãe morte
Já vivi uma vida vencida
Mas cuidei de escolher o norte

Tu és esperança da Humanidade
Eu sou fim do elo de ligação
Tu vais precisar da minha humildade
Eu da tua lembrança no coração

Aurora de beleza serena
Do amor humano foste gerada
Deus concedeu-te liberdade plena
Serás sempre bem amada






domingo, 6 de janeiro de 2008

Ano Novo, Vida Nova?


O ano findou, dizemos que é velho
O novo chegou, saudamos com esperança
Quantos pensamentos eu tenho
Alguns tão inocentes como de uma criança

O ano é novo no calendário
Traz consigo o que é bom e o que não presta
O nosso rodopio diário
Será apenas o que nos resta?

Talvez sim e talvez não
Dependerá de inúmeras coisas
De escolheres um bom caminho ou não
Mas também do lugar onde poisas

Caminho que tem tantos sentidos
Vidas, via ou metamorfose
Setas apontadas aos ouvidos
Daqueles que apenas conhecem a pose

Pose dos que querem possuir
Que não olham a meios ou cuidados
Que não vivem o sentir
Mesmo dos mais desgraçados

Ano Novo que será de coisas velhas
De tantas que até desconhecíamos
Mas vamos à procura de novas
E acreditar que ainda sabíamos

O caminho está escolhido
Cada qual percorrerá o seu
O meu já tem sentido
Mas pode não ser igual ao teu

Anseio por uma vida com justiça
Paz, amor e fraternidade
Uma luta que está numa liça
Mesmo contra a minha vontade

Olha à tua volta e diz-me o que sentes
Pessoas que riem quando estão felizes
Mas que choram e cerram os dentes
Nos momentos de deslizes

Não peças um desejo para o Novo Ano
Tenta apenas lutar por um objectivo
Transforma o teu dia a dia insano
Em algo forte e que sirva de motivo

Motivo que faça a diferença
Para ti, para mim, para o Mundo
Entranha tal como o amor de criança
Quando ama sua mãe lá bem no fundo

Vida nova será certamente
Para muitos que agora nascem
Será velha e finita igualmente
Para quem espera que os dias passem

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Avé Maria


Maria mãe de Jesus
Mãe cheia de graça
Maria que o amor conduz
Com o pão e o vinho da taça
Pão que é o corpo
Vinho que é o sangue
Mistério ainda infinito
De redenção e amor
Começa com um SIM
Maria o pronunciou
Seu coração O aceitou
Seu ser o concebeu
Nas palhinhas o pousou
Os animais o bafejaram
Os Reis o adoraram
Os poderosos o odiaram
Os humildes o acolheram
Maria também nossa mãe
Que nos levas a vosso filho
Que sofreste por Ele e com Ele
Recebe as nossas súplicas
Daqueles que não têm pão
Roupa para se agasalhar
Um tecto para guarida
Daqueles que não têm saúde
E carência de instrução
Dos que clamam por justiça
E dos sedentos de amor
Maria das bodas de Caná
Que na falta do vinho assim disseste:
"Fazei o que Ele vos disser"
Atendei a nossa prece
Olhai e acolhei em vosso coração
Tantos pobres e humildes deste mundo
Espaço de vida, mas também de oração
Tempo de um ser concedido
Vida de agruras, desditas e alegrias
Local de passagem efémero
Com tempo previamente marcado
No nascer, viver e fenecer
Que o exemplo de Jesus
E o vosso SIM a Ele
Sejam no caminho da cruz
Nosso doce embalar n'Ele