terça-feira, 25 de agosto de 2009

Porque existo?


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Em dias de nostalgia busco o impossível
O corpo fica presente mas o espírito divaga
Percorre anos-luz no tempo da imaginação
Sentado à beira mar de um Oceano invisível
Ou no alto escarpado de uma fraga
Procurando alguma réstia de doce emoção


A Vida de um ser humano é feita de arco-íris
Onde rodopiam sem parar os sentimentos
Com cores arrancadas à esperança
Caldeadas em ardorosos desejos pueris
Lutando em todos os momentos
Para fugir de uma cruel lembrança

Recordar a razão de ter nascido
Não é mera filosofia que me desbarata
Qualquer explicação da minha existência
Remete-me para um negrume desconhecido
Que com o tempo me esfarrapa e mata
Sem qualquer alívio de consciência

Só existo mas vivo sem saber porquê
Desconheço a origem do meu ser
Não quero finar sem o saber
Porque vim a este mundo e para quê
Gostaria que me fosse reconhecido perceber
É um direito que penso ter

Para alem das dúvidas sentidas
Fica a certeza da existência em concreto
Só a isso me posso agarrar e tentar potenciar
Olvidando objecções intrinsecamente mantidas
E vivendo um dia a dia que penso correcto
Para não sentir necessidade de me penitenciar

Na vida mantenho e sigo convicções
Pois tenho que me conformar com a realidade
Ser grato a quem me deu a Vida
Mesmo que Ele me imponha restrições
Devo aceitar o Seu amor e caridade
Só assim a Vida poderá ser plenamente vivida

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A Fome


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Filho de mãe preta chora para mamar
Mas mulher não tem leite, peito está seco
Não tem arroz nem mandioca para comer
Mãe geme entre dentes e desata a chorar
Seu pranto faz um infindável eco
Levado pelo vento ao amanhecer


Imagem atroz de quem tem fome
Na África, Ásia ou Oceânia
Na grandiosa América ou Europa unida
A escassez de recursos não tem nome
Nem Continente algum foge à razia
De seres a viver à míngua, sem comida


Mãe Natureza que foste criada em harmonia
Que tudo produzes em grande abundância
Quem são os criminosos que te atraiçoam
Que desbaratam a tua sábia bonomia
E permitem tão cruel e vil ganância
Deixando-os com fome e disso te amaldiçoam


A Terra tudo tem que oferece à Humanidade
Ai de vós governantes do Mundo
Que oprimis os povos que dominais
Que não organizais com razoabilidade
A divisão de bens sem fundo
E enriqueceis com os demais


Todo o ser tem direito a viver
Ainda antes de nascer e depois de morrer
São mistérios da própria Vida
Nascemos isolados e vivemos sem o “ter”
Ter de possuir a que teremos de recorrer
Só assim a Vida poderá ser vivida


No nascer somos todos iguais
No viver podemos ser fartos ou carentes
A Vida é nossa, mas não nos pertence
Há homens de poder que tornam fatais
As vidas de outros seres mais prementes
Esquecendo que a imortalidade é que vence

sábado, 1 de agosto de 2009

Amor de uma vida


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No meu imaginário da vida
Sonhei com um amor eterno
Olhei no fundo dos teus olhos
Perguntei-te de forma sentida
Serei eu o teu amor pleno
Ou um mar cheio de escolhos?


Tua resposta foi um balbuciar de palavras
Saída de lábios sedosos, talvez dormentes
Teu coração batia apressadamente
Ouvia-o, qual som macio de clavas
Como murmúrio entre dentes
Com teus cabelos ondulando suavemente

Perante meu olhar interrogativo
Respondes-te com mais convicção:
Amor sabes que te amo acima de tudo
Todo eu estremeci, foi instintivo
Agora fiquei eu sem inacção
Incapaz de articular palavra e mudo


Amor foi antes, mas agora é paixão
É fogo que arde sem cessar
Desejo de te ter perdidamente
Mesmo sem atender à razão
É um querer para tudo ultrapassar
Seremos dois em um indefinidamente


Quando confessamos um amor assim
Só pode ser por uma grande mulher
Feliz daquele a quem ela ama
Seu coração é enorme, não tem fim
Seu corpo é precioso ser
Sua alma é uma sublime chama


Amar é fundir para sempre em convergência
Corpos, almas, gostos e saberes
Aceitar com sapiência o que não agrada
Para encontrar uma linha de conveniência
Na convivência comum com outros seres
Percorrendo o mesmo sentido da estrada