quinta-feira, 30 de abril de 2009

Anjo ou demónio


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És criatura celeste
Teu corpo de branco se reveste
Se desnuda naturalmente
Esperando carícias docemente
Fica ainda mais belo e sensível
Uma visão quase impossível
Porque não sinto tua mão
E piso algo que não é chão
Luto contra o ardor
De sentir um grande amor
Não sei de onde provém
Não gosto de mais ninguém
Estou desesperadamente só
Por compaixão divina tem dó
Não sei para onde possa ir
Tentar fugir do teu sentir
Dentro de mim em permanência
Só existe a tua ausência
Ténue névoa se formou
Minha mente se adornou
Sinto que vou morrer de desejo
Por aquilo que não vejo
Porque abriste tuas entranhas?
Para me deixar saudades tamanhas
Serás anjo ou demónio
Deixas-te confuso meu neurónio
Se fores anjo faz-te luz
Por amor ao céu me conduz
Mas se fores espírito maligno
Deixa-me seguir, mesmo sem tino
Porque meu corpo não levarás
Só meu desdém sentirás
Terás que ser um anjo de luz
Minha alma a isso te reduz
Então sim, seguir-te-ei perdidamente
Não apenas agora, mas eternamente

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Presente conjuga futuro


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Mais que um poema, é realidade pensada
Sinto-me cansado da vida ou talvez não
O desânimo parece ter surgido abruptamente
Conduzindo o carro sinto a mente pesada
Avanço muito devagar, talvez em contramão
Sozinho, olho para os lados perdidamente
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Vejo crianças a brincar no jardim
Suas correrias me recordam a meninice
Seus risos estridentes me alegram
Outrora não sentia essa felicidade em mim
Fui criança triste, apesar da traquinice
Chorei a falta de carinho que outros tiveram
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Revejo-me no sorriso da criança que me acena
Olhando para mim com veemência
Seu brilho nos olhos me fascina
Fico parado a vê-la com enorme pena
Não sei se ela terá consciência
De que juventude será a sua sina
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Encarno o presente, ela o futuro
Duas etapas da vida humana
Para ela eu posso dizer docemente
Querida vai em frente, cuidado com o muro
Se o queres saltar, utiliza a cana
Porque da queda podes estar ciente
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Do futuro não faço previsões
No presente aceito aquilo que tenho
Agora preocupo-me com os jovens
Da vida não quero mais ilusões
Luto com denodo e empenho
Por aquilo que eu não tive e tu tens
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O meu passado já não importa
O futuro para mim é coisa de somemos
Tu podes viver feliz nesta Terra
No presente está a abrir-se uma porta
Dá-me a mão e nela entraremos
Afastemos a fome, a doença e a guerra

terça-feira, 14 de abril de 2009

O Prazer



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Que doce acordar hoje tive
Quão feliz foi o meu amanhecer
O sonho que vivi ainda sobrevive
Creio que jamais o irei esquecer

Que quadro belo alguém pintou
E nele me fez entrar para sonhar
Ainda pensei ser uma realidade
Mas foi frustrada ao acordar

Vivi o afã de um grande amor
Não sei onde ou com quem
Lutei desesperadamente e com dor
Por não lembrar agora esse alguém

Verdade é que vivi esse amor de prazer
Algo de sublime que não sei explicar
Simplesmente sei que era uma mulher
Com alma formosa e de encantar

O local era belo, onde, é segredo
Recordo-me estar um sol primaveril
Que raiando por entre o arvoredo
Fazia brilhar teu rosto juvenil

Mulher sem nome perdida no tempo
Ficarás a flutuar como anjo do céu
Jamais sairás do meu pensamento
Mesmo sabendo que nunca serei teu

Seis letras compõem a palavra prazer
Começa por um p e forma par
Condiz com amor em união de ser
Se for verdadeiro não irá acabar

Com prazer todos queremos viver
Seja por amor, egoísmo ou ódio
Ninguém poderá querer morrer
Sem saber o que é subir ao pódio

O altar do amor não está no prazer
Mas é um dos degraus necessários
Sem ele não podemos viver
Com ele cruzaremos hemisférios

Ter prazer nunca pode ser pecado
Mas deve ser alegria, desejo ou gozo
Tem que ser algo de sagrado
Para captar um coração amoroso

O prazer será o que um Homem ou Mulher quiser, eu optei por tratar o mais primário sentimento do ser humano, mas não invalida que muitos outros sejam nobres e desejáveis.

Poema integrado nas Tertúlias Virtuais

quarta-feira, 1 de abril de 2009

RIR......


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Eu estou, tu estás, ele está a rir
Nós estamos, vós estais, eles não estão
Então, estão a fazer o quê? A sorrir!
É mesmo diferente esta expressão

O nome deste poema é RIR
Para mim, para ti e para os outros
A mãe desta palavra vai parir
Pequenos risinhos marotos

Médicos dizem: rir faz bem à saúde
Portanto se não rir, morre mais cedo
Siga o conselho para não ir no ataúde
Das duas, uma, ou ri ou morre de medo

Brincamos, rimos e choramos
É forma de levar vida decente
Mas a verdade é que clamamos
Quando porventura nos dói dente

Quem ri vive mais cem anos
O que não quer rir não sabe viver
A esse aconselho a compra de panos
Para enxugar a falta de prazer

Ri de uma anedota e sê janota
O motivo é supérfluo e de pouca monta
Ri da piada da amiga Carlota
Mas não ligues que ela é tonta

Rir ou sorrir, eis a questão
Soltar uma gargalhada estridente
Ou alongar os lábios como o Gastão
Em esgar, como quem mente

Eu quero sorrir mais e sempre
Esse é o caminho da vida plena
Para viver bem e ter presente
Que rir vale sempre a pena